BILL MOLLISON: O “PAI” DA PERMACULTURA

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Bruce Charles ‘Bill’ Mollison, nascido em 1928 em Stanley, Tasmânia, Austrália, morreu no dia 24 de setembro de 2016, com 88 anos de idade em Hobart, na Austrália, onde viveu os seus últimos anos.

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Bill Mollison

Foi considerado como herói para aqueles que os conheciam e desconhecido para a grande maioria, até que um dia a sua influência se dispersou pelo mundo e ele ficou conhecido como o “pai” da Permacultura, deixando um legado de movimento mundial de resiliência, notável. Ele deixou muita informação útil, orientações e incentivos para aqueles que irão sentir falta dele, assim como nós aqui da Ecotelhado.

Bill Mollison foi um dos mais influentes pensadores do mundo em abordagens lideradas para o desenvolvimento sustentável. Quando pequeno começou a trabalhar na padaria da família, e sempre foi muito determinado, aos 26 anos se uniu ao CSIRO (Organização para a Pesquisa Científica do Reino Unido) onde ganhou amplo conhecimento de investigação e pesquisa.

Ao retornar ao trabalho de campo, no fim dos anos 60, descobriu que nós, humanos, poderíamos projetar sistemas sustentáveis que permitissem viver dentro do nosso sistema, mas amigável com o ambiente. Bill morava numa pequena vila no interior da Tasmânia, onde pescava, plantava e criava animais para sua alimentação. Ao mesmo tempo trabalhou com a Comissão de Pesca e voltou à Universidade.

Ao receber seu diploma em bio-geografia, ele foi nomeado para a Universidade da Tasmânia, onde mais tarde desenvolveu a unidade da Psicologia Ambiental. Ele foi professor da Universidade da Tasmânia em 1974, junto com David Holmgren, onde fizeram uma pesquisa para resgatar os saberes ancestrais e os modos tradicionais do relacionamento com a terra criando a Permacultura.

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David Holmgren | Bill Mollison

A pesquisa culminou em uma publicação em 1978 dos livros Permacultura Um, e um ano depois, o livro Permacultura Dois. O conteúdo dos livros defende o conceito de “trabalhar com, e não contra a natureza”, e informações úteis, como produção de alimentos, favorecendo o cultivo de espécies adaptadas às condições locais. O sistema adota técnicas ambientalmente amigáveis, incluindo a renúncia da utilização de produtos químicos, projeto do jardim pensativo ou regenerativo, imitando os ecossistemas naturais e incorporando a reciclagem e a utilização de resíduos.

Bill deixou a Universidade em 1978, e fundou o  Permacultura Institute, onde formou diversos profissionais e dedicou todas as suas energias para promover o sistema de Permacultura e difundir a ideia e princípios em todo o mundo. Ele ensinou milhares de estudantes, e contribuiu com muitos artigos, relatórios e recomendações para projetos de parques, aglomerados urbanos e órgãos governamentais locais. Reconhecido com diversos prêmios, entre eles em 1981 o Right Livelihood Award  (Prêmio da Sustentabilidade) – chamado de “Prêmio Nobel Alternativo”.

Bill sempre esteve comprometido em perturbar o “status quo” da gestão insensível e equivocada que temos. Ele dizia “Primeiro sentimos medo, em seguida, ficamos com raiva. Então vá com a sua vida para a luta”. Ele era eloquente sobre a necessidade de “guerreiros pacíficos”, como ele os chamava para desafiar a estupidez de maus-governos em uma escala global. Seus próprios medos sobre ser ineficaz foram equivocados: “Ninguém prestava atenção em mim e até mesmo meus amigos sempre me criticaram”. Mas na realidade, ele engrenou uma relação global que irá resistir e crescer com os outros e desenvolver seus pensamentos.

O legado de Bill é que centenas de milhares de antigos alunos criaram uma rede mundial para tomar o seu conceito para a frente. Este é um mundo em que estamos bem conscientes do nosso meio ambiente, sua capacidade e suas limitações, e nós projetaremos sistemas para atender às necessidades humanas e respeitar isso.

Fica aqui nossa homenagem e consideração a ele. Obrigada Bill, pelos dizeres, pelas ideias compartilhadas, ensinamentos e pela necessidade da vontade que muitos de nós ficamos por conhecer esse projeto incrível que é a Permacultura. <3

Referências: permaculture research institute, sustentarqui;

*Texto | Catarina Schmitz Feijó