Teve fim, nesta quarta-feira, dia 13, a sétima edição do seminário Cidade Bem Tratada, promovido pela Fundação Mata Atlântica e Ecossistemas e que contou com o apoio da Ecotelhado.
Foram apresentadas e discutidas novas plataformas e projetos ambientais referentes à gestão de resíduos sólidos, água e energia renováveis visando a desaceleração dos impactos ambientais e gerando soluções sustentáveis. Uma novidade desta edição foi a parceria com o Fórum Internacional de Resíduos Sólidos (FIRS) e a Unisinos, que abriu espaço para a pesquisa acadêmica expondo trabalhos científicos inéditos e originais relacionados aos temas debatidos.
Quem abriu o evento foi o coordenador do seminário, advogado e consultor de Direito e Legislação Ambientais, Beto Moesh, que fomentou, em seu discurso, a implementação de políticas que favorecessem projetos sustentáveis e uma regulamentação mais rigorosa quanto aos cuidados ambientais. O ponto alto do evento foram os três painéis: “Como está a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos”; “A Situação das Águas: novos conceitos de drenagem, tratamento e aproveitamento de efluentes”; e “Energias renováveis”.
O primeiro painel destacou a importância de uma gestão adequada de resíduos sólidos e a implementação de leis que regulamentem a logística reversa, na qual o produtor é responsável pelo que produz mesmo após o descarte. No segundo painel, um dos destaques foi o projeto dos jardins de chuva, apresentado pelo sócio-fundador da Fluxus Design Ecológico Guilherme Castagna, com foco no Largo das Araucárias, primeiro jardim do gênero instalado em praça pública a coletar água de chuva das sarjetas em São Paulo.
E outro destaque foi a realização de uma atividade pelo arquiteto José Bueno. Em um momento de descontração, para iniciar o diálogo sobre a importância da chuva e apresentar o projeto “Rios e Ruas”, o palestrante convidou todos os presentes a baterem com os dedos indicador e anelar da mão direita no braço esquerdo produzindo um som semelhante aos das gotas d’água da chuva. Conforme e frequência o som ficava mais ou menos forte.
Já Demetrios Christofidis, coordenador do Programa de Recuperação e Preservação de Rios Urbanos em pequenas e grandes cidades, apresentou conceitos que permitem a sensibilização necessária para a compreensão de que o corpo hídrico – em associação direta a imagem do corpo humano – deve ser preservado e é merecedor de atenção e cuidados.
O terceiro e último painel abordou, como tema, o investimento em energias renováveis. Aurélio Andrade, conselheiro do Fundo Verde para o Clima da ONU, ressaltou a importância de descarbonizar as cidades para uma maior qualidade de vida. O que foi reforçado por Carlos Dora, coordenador do Departamento de Saúde Pública e Meio Ambiente da Organização Mundial da Saúde (OMS), que demonstrou quão prejudicial à saúde pode ser viver em meio urbano exposto a poluição do ar. Enquanto, Guilherme de Souza, da Secretaria Estadual de Minas e Energia, apresentou o potencial energético de diferentes fontes – como solar, eólica, biomassa, etc. – conforme a disposição geográfica no país e estado.
Ainda no terceiro painel, Sergio Vidoto, diretor da CS Bioenergia, apresentou o case da usina de biogás, pioneira no país a produzir energia a partir da combinação entre resíduos orgânicos e lodo de esgoto. A inspiração veio de países como a Alemanha, que combina tecnologia e políticas públicas para promover o reaproveitamento dos resíduos, inutilizando aterros sanitários.
O segundo dia do seminário terminou com a entrega do prêmio Cidade Bem Tratada 2018, pela artista plástica Miriam Gomes, para os três melhores trabalhos científicos inscritos: “Planejamento ambiental de uma área degradada e de risco a desastres naturais no município de Novo Hamburgo”, por Catiele Vieira, Marcos Takeshi Miyabe, Marina Zimmer Correa, Verônica Kern de Lemos, Victória Brandalise e Danielle Paula Martins, da Universidade Feevale; “Uso dos telhados verdes para mitigação do impacto ambiental causado pela urbanização da paisagem”, por Jonatha de Oliveira Michels, Cristine Santos de Souza da Silva e Eduardo Storck Kobilinski, da Ulbra Canoas; e “Avaliação da qualidade da água do Rio Gravataí”, por Juliana Oliveski, Feliciane Andrade Brehm, Amanda Gonçalves Kieling e Claudia Adriana Kohl, da Unisinos.
Na manhã de quarta-feira, dia 13, ocorreram os último eventos do seminário. O engenheiro e permacultor Guilherme Castagna, também palestrante de um dos painéis, ministrou uma oficina para construção de um jardim de chuva em Porto Alegre. A oficina contou com um grupo de 20 pessoas já engajadas em ações de transformação do espaço urbano, que replicarão a metodologia na capital. E, no final da manhã, foi exibido, no Vila Flores, o vídeo “Saneamento do Olhar”, resultante da expedição do projeto Rios e Ruas pela Bacia do Rio Saracura, seguido de uma roda de conversa como palestrante e coordenador do projeto Rios e Ruas José Bueno.
Texto: Raíza Vieira