Muito além de transtornos causados por fenômenos climáticos, as enchentes urbanas enfrentadas com frequência pelas cidades da América Latina, incluindo o Brasil, são causadas por problemas de urbanização acelerada, desigualdade social, infraestrutura deficiente e ocupações informais que demandam a necessidade de pensar em estratégias eficazes contra enchentes que não se limitem à drenagem convencional e concreto.
A resposta precisa ser integrada, resiliente e adaptada ao clima tropical e subtropical predominante e, sobretudo, baseada na natureza.
Quer saber mais sobre como políticas públicas inteligentes e tecnologias verdes podem mitigar os impactos das cheias em um cenário urbano complexo e desigual? Então leia o conteúdo abaixo! Confira!
Enchentes urbanas: um problema estrutural na América Latina
A maioria das cidades latino-americanas compartilha uma origem urbana marcada pela ocupação desordenada do território, com crescimento populacional mais rápido do que a infraestrutura urbana poderia acompanhar. No Brasil, esse processo gerou ocupações em áreas de risco, como margens de rios, encostas íngremes e regiões de várze, que deveriam ser zonas de amortecimento natural da água da chuva.
As causas mais comuns das enchentes urbanas incluem:
- Impermeabilização do solo: calçadas, ruas e construções impedem a infiltração da água da chuva;
- Redes de drenagem obsoletas ou insuficientes;
- Canalização de córregos, que perde a função de regular o fluxo de água;
- Supressão da vegetação nativa, que auxiliaria na retenção e infiltração da água;
- Urbanização em áreas de risco, geralmente habitadas por populações de baixa renda;
- Descarte inadequado de resíduos, que obstrui bocas de lobo e canais pluviais.
Desigualdade urbana e vulnerabilidade social
As enchentes não afetam todas as pessoas da mesma forma. Nas cidades brasileiras, os bairros mais pobres são frequentemente os mais afetados: estão em locais mais propensos a alagamentos, têm menos infraestrutura de contenção e enfrentam obstáculos burocráticos para acessar recursos emergenciais.
Além disso, a precariedade das moradias e a falta de serviços públicos básicos (como esgoto e coleta de lixo) aumentam a exposição da população a riscos sanitários, desabamentos e perdas materiais.
O que são soluções baseadas na natureza (SBN)?
As Soluções Baseadas na Natureza (SbN) são intervenções inspiradas e sustentadas pelos ecossistemas naturais, projetadas para resolver desafios sociais, econômicos e ambientais de maneira sustentável. No caso das enchentes urbanas, elas promovem a gestão da água por meio de processos naturais, restaurando a relação entre cidade e meio ambiente.
Entre as SbN, estão:
- Preservação e restauração de ecossistemas;
- Infraestruturas verdes, como telhados verdes e parques alagáveis;
- Planejamento urbano com enfoque ecológico;
- Incorporação da biodiversidade ao ambiente urbano.
As SbN oferecem múltiplos benefícios integrados: além de reduzirem o risco de enchentes, melhoram a qualidade do ar, promovem bem-estar, aumentam a biodiversidade e contribuem para a justiça climática.
Estratégias eficazes de SBN contra enchentes: foco nas cidades brasileiras
Telhados verdes e jardins de chuva
Os telhados verdes — coberturas vegetadas em edifícios — são altamente eficazes na retenção e absorção da água da chuva. Eles retardam o escoamento superficial, ajudam a evitar a sobrecarga do sistema de drenagem e ainda atuam como isolantes térmicos.
Jardins de chuva, por sua vez, são depressões ajardinadas que recebem a água de superfícies impermeáveis, como estacionamentos ou calçadas, permitindo que ela se infiltre gradualmente no solo. Eles reduzem o volume e a velocidade do escoamento, além de promoverem o recarregamento do lençol freático.
Essas estratégias são particularmente úteis em áreas urbanas densas, como os centros das grandes metrópoles brasileiras.
Pavimentos permeáveis
A substituição de calçadas e ruas convencionais por pavimentos permeáveis — como blocos intertravados, grelhas vegetadas ou pisos drenantes — permite que a água da chuva infiltre-se diretamente no solo, reduzindo o volume de água que escorre para os bueiros.
Cidades como Porto Alegre, São Paulo e Curitiba já incorporaram esse tipo de infraestrutura em projetos urbanos, especialmente em praças e parques.
Restauração de rios e córregos urbanos
Ao longo das décadas, muitos rios e córregos foram canalizados ou cobertos por asfalto, perdendo sua função natural de contenção e amortecimento das águas. A tendência agora é reverter esse processo por meio da renaturalização dos cursos d’água.
Parques lineares e áreas alagáveis
Transformar margens de rios e córregos em parques lineares — com áreas projetadas para suportar alagamentos temporários — é uma estratégia eficaz e bonita para lidar com as enchentes. Esses espaços funcionam como zonas de amortecimento, absorvendo o excedente de água e devolvendo-o gradualmente ao ambiente.
Peculiaridades do contexto latino-americano e brasileiro
Clima tropical e chuvas intensas
Boa parte da América Latina possui clima tropical, com chuvas concentradas em determinadas épocas do ano. Isso cria eventos extremos de precipitação, onde em poucas horas chove o equivalente a vários dias.
Para esses contextos, SbN são especialmente valiosas por permitirem a retenção temporária da água, reduzindo picos de vazão.
Informalidade urbana
As favelas e loteamentos irregulares representam uma grande parcela das áreas urbanas no Brasil. Nessas regiões, a aplicação de SbN precisa ser adaptada à realidade local, com soluções de baixo custo, envolvimento da comunidade e foco em melhorias habitacionais.
A previsão de sistemas de telhado verde em habitações populares e obras públicas de tais regiões, como em escolas e centros comunitários, além da construção de hortas comunitárias em áreas alagáveis, bacias de contenção caseiras e jardins filtrantes se mostram .
Falta de recursos públicos e planejamento fragmentado
A escassez de recursos técnicos e financeiros é outro desafio. Muitas cidades não têm equipes multidisciplinares para planejar intervenções integradas ou acompanhar a manutenção dos sistemas de drenagem.
Neste cenário, parcerias público-privadas, financiamentos internacionais e políticas de incentivos ambientais são caminhos promissores para a implementação de SbN.
O PAPEL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E DO PLANEJAMENTO URBANO O papel
Inclusão das SbN nos planos diretores
Para que as SbN se tornem realidade, elas precisam ser incorporadas aos planos diretores e códigos de obras. Isso garante respaldo legal e previsibilidade para os investimentos em infraestrutura verde.
Cidades como Fortaleza, Curitiba e Campo Grande já preveem telhados verdes e calçadas permeáveis em suas normas urbanísticas.
Incentivos fiscais e financiamento
Descontos no IPTU verde, linhas de crédito para instalação de SbN e financiamentos internacionais (como o Fundo Verde para o Clima) são formas de viabilizar financeiramente os projetos, principalmente nos municípios menores.
Participação comunitária
Engajar moradores, ONGs, associações e empresas na co-criação e cuidado das SbN fortalece o sentimento de pertencimento e reduz custos de manutenção.
Programas como o “Adote uma praça” ou mutirões para hortas urbanas são exemplos de mobilização com resultados positivos.
Um caminho verde para cidades mais resilientes
As enchentes urbanas nas cidades latino-americanas — e em especial nas brasileiras — não são apenas problemas hidráulicos. Elas revelam desequilíbrios sociais, ambientais e urbanos, exigindo respostas à altura da sua complexidade.
As Soluções Baseadas na Natureza surgem como alternativa eficaz, sustentável e economicamente viável. Mais do que combater os efeitos das enchentes, elas restauram os ciclos naturais da água, aumentam a resiliência urbana, promovem inclusão social e melhoram a qualidade de vida.
Investir em telhados verdes, parques alagáveis, pavimentos permeáveis e restauração de rios não é uma opção idealista. É uma necessidade concreta para o futuro das cidades brasileiras e latino-americanas.
A Ecotelhado pode ajudar no combate às enchentes
A Ecotelhado possui diversos produtos capazes de integrar planos de prevenção contra alagamentos, enchentes e inundações, a começar pelos seus sistemas de telhado verde. Os sistemas Laminar Médio e Laminar Alto, além do Sistema Azul e Verde, são muito adequados para esse fim, considerando sua grande capacidade de reserva d’água.
Como dito antes, esses sistemas são verdadeiras bacias de detenção suspensas!
Porém, não só esses sistemas, mas também os seus mais simples, no caso, o Sistema Alveolar e o Sistema Alveolar Grelhado também têm boa reserva hídrica, ainda que inferior aos outros, mas com a vantagem de poderem ser instalados em telhados levemente inclinados, sendo uma ótima opção para moradias mais populares em grande escala.
Assim, já imaginou um grande bairro com casas populares cobertas com telhados verdes? Pense no quanto de água seria retida antes de escoar para as vias!
A empresa também conta com seus pavimentos permeáveis, o Ecopavimento, que pode ser utilizado com brita ou com grama.
Além disso, a Ecotelhado conta com o Ecodreno, um produto multiúso aproveitado como sistema de retenção, drenagem, infiltração e reaproveitamento da água da chuva. Funciona como uma cisterna vertical modulada subterrânea que permite o fluxo de veículos e pedestres sobre ela. Pode ser utilizado como cisterna subterrânea ou em coberturas ou como Jardim de Chuva em praças, áreas verdes e calçadas.
As tecnologias da empresa também são aproveitadas para a construção de wetlands e muros de arrimo, sendo esses últimos muito importantes para a prevenção de deslizamentos de terra e para evitar a erosão em lagos pluviais construídos.
Portanto, entes públicos e empresas, não deixem de considerar soluções baseadas na natureza e tecnologias de infraestrutura verde para integrarem, com soluções tradicionais de engenharia, projetos de prevenção de alagamentos, enchentes e inundações e para retardar e mitigar eventuais danos.
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A Ecotelhado apresenta diversas soluções para Design Biofílico e Arquitetura Verde, Ecológica e Sustentável.
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Imagens: Arquivo Ecotelhado