300 milhões de crianças em todo o mundo respiram ar tóxico. Essa é a informação e um relatório divulgado recentemente pela Unicef. De acordo com a organização, isso significa que mais de 14% de todas as crianças do mundo estão expostas a condições de ar seis vezes mais poluído do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde.
O problema é que não se trata apenas da respiração, pois a poluição atmosférica pode desencadear uma série de outras doenças. Ela está relacionada com a diminuição da eficácia do sistema mucociliar das nossas narinas, aumento dos sintomas da asma, infecções das vias aéreas superiores e incidência de câncer de pulmão e doenças cardiovasculares. Os que acabam sofrendo mais com isso são as crianças e idosos, por serem mais vulneráveis, sendo frequentemente internados. “Algumas partículas finas podem realmente atravessar a barreira hematoencefálica e danificar permanentemente o cérebro em desenvolvimento”, explicou o diretor executivo da Unicef, Anthony Lake, em comunicado oficial.
A poluição do ar vem de diversas fontes e é pior em países pouco desenvolvidos. Além das emissões de gases nocivos liberados pelas indústrias e pelos automóveis, em muitos países é comum o uso de carvão, madeira e querosene para o próprio aquecimento e consumo doméstico, o que torna a fonte de poluição ainda mais próxima.
Os poluentes atmosféricos podem ser divididos em dois grandes grupos: os poluentes primários e os poluentes secundários. Os poluentes primários são aqueles emitidos diretamente por uma fonte de poluição, como um carro. Já os poluentes secundários são aqueles que sofrem reações químicas na atmosfera, ou seja, são formados a partir da interação do meio com o poluente primário.
De acordo com a Unicef, todos esses tipos de poluição juntos são responsáveis por causar 10% das mortes em crianças menores de cinco anos. Segundo a organização, as crianças são mais afetadas por respirarem duas vezes mais rápido do que os adultos. “Suas vias respiratórias são mais permeáveis e, portanto, mais vulneráveis. Seu sistema imunológico é mais fraco. Os cérebros ainda estão em desenvolvimento”, esclarece o relatório.
A qualidade do ar pode melhorar ou piorar de acordo com as condições do tempo de uma cidade. Quando há períodos com baixa umidade e pouco vento, é comum vermos cidades com maior concentração de poluentes. Isso se deve ao fato de que a dispersão dessas substâncias ocorre lentamente. Sendo assim, é fundamental atenção redobrada nessas épocas do ano.
A poluição é um problema real que atinge o ar, a água e o solo, tornando-se cada vez mais acentuada graças às nossas atitudes. Para reverter esta situação, no entanto, é necessário ir muito além dos esforços individuais.
A organização lembra da importância de que sejam criadas políticas públicas que reduzam as emissões de gases poluentes nas cidades, em todas as atividades, além de manter as fábricas distantes de áreas ocupadas por escolas ou residências, evitar a queima de lixo e monitorar constantemente as condições do ar. Além de claro, investir em espaços mais verdes dentro dos centros urbanos, pois a natureza, com sua perfeição de bilhões de anos, continua sendo a melhor alternativa para os nossos problemas.
A tecnologia tem avançado no sentido de gerar máquinas e combustíveis menos poluentes ou que não gerem poluição, por exemplo Eco Seed Sowing Machine, um mecanismo que lança sementes de flores quando detecta a poluição, ou mesmo uma máquina que foi desenvolvida para retirar o carbono do ar, desenvolvida no Canadá. A solução está na nossa frente, temos inteligência, tecnologia, pesquisas coerentes que demonstram alternativas, etc, falta apenas o poder público apoiar, divulgar como algo de extrema importância a população que não faz ideia das consequências de suas atitudes e se programar para implantar essas novidades. Quando se quer, se dá um jeito, não é mesmo?
Referência: CicloVivo; Mundo Educação; Toda Biologia; Sua Pesquisa; BioRetro; Só Noticia Boa;
Texto* | Catarina Schmitz Feijó