Resiliência é uma palavra que consta do vocabulário básico de todo estudante de ecologia, e que precisa urgentemente fazer parte do dia a dia de todos, em especial dos técnicos e gestores públicos responsáveis pelos recursos hídricos das centenas de municípios de nosso país.
O termo, em ecologia, se refere à capacidade de um sistema voltar ao equilíbrio após uma perturbação. Neste sentido, e em respeito à crise hídrica que atinge o sudeste há anos, percebemos a enorme fragilidade dos sistemas de saneamento, ou sua total falta de resiliência, principalmente porque são tratados de forma isolada, e numa abordagem centralizada.
Isolada porque separam-se a gestão dos serviços de abastecimento de água, tratamento de águas servidas, manejo de águas pluviais (comumente referido como “drenagem”), e de gestão dos resíduos sólidos, todos integrantes de uma mesma dinâmica.
A “drenagem”, termo usado erroneamente para referenciar o manejo de água de chuva na cidade, também faz parte desta mesma visão equivocada de recorrer a grandes obras e soluções centralizadas para solução do problema das enchentes.
Ora, se drenagem é a intervenção feita em um determinado ambiente para remover a água da forma mais eficiente e rápida possível, não é de se estranhar o fato de termos enchentes em pleno período de seca, afinal, isso acaba por conduzir toda água coletada (sem a menor consideração pela presença de poluentes diversos coletados em seu percurso), aos rios que desaguam rapidamente os volumes coletados nos fundos de vale.
Além das enchentes da drenagem pura e simples, adotada como norma para a gestão de água de chuva, causa a poluição dos rios e demais corpos d’agua, e a “desidratação” das áreas atendidas, removendo água que poderia de outra forma ser retida e eventualmente infiltrada em estruturas apropriadas, fortalecendo a realização dos serviços ecossistêmicos que poderiam ser realizados mesmo em grandes núcleos urbanos, como São Paulo.
É importante aprofundarmos o olhar sobre nossas águas servidas (e sobre nossas fezes) como uma valiosa fonte de recurso para resgatar a fertilidade de nossos solos, para produção de energia, biomassa e alimentos, usando sistemas naturais de restauração da qualidade e vitalidade da água.
Precisamos compreender que, no assunto ‘água’, nós cidadãos temos um papel relevante, pois também é das nossas casas que sai o esgoto e a água mal tratada, é na nossa rua que o bueiro escoe a água com o lixo, e é devido nossas impermeabilizações que não ocorre a vazão de água correta, modificando nossos rios. A Ecotelhado tem soluções que auxiliariam nessa limpeza e integração com o meio urbano e a natureza. Comentando isso, queremos levantar a seguinte pergunta: O que o lixo tem a ver com a água, na sua opinião?
Referências: Ecotelhado; Fluxusdesignecologico;
*Texto | Catarina Schmitz Feijó