Na busca por soluções para os desafios ambientais e sociais das grandes cidades, Singapura se destaca como um exemplo inspirador.
A pequena ilha-estado no sudeste asiático tem mostrado ao mundo que é possível construir uma megacidade em harmonia com a natureza.
E mais do que isso: que a natureza é parte essencial da infraestrutura urbana, não apenas um enfeite paisagístico.
Em um momento em que o Brasil discute soluções sustentáveis para suas cidades, vale perguntar: o que podemos aprender com o modelo de Singapura? E como adaptar esses aprendizados à nossa realidade?
A seguir, exploramos os principais elementos desse urbanismo regenerativo e suas conexões com as Soluções Baseadas na Natureza (SbN) que a Ecotelhado promove há mais de 15 anos.
Para saber mais, continue a leitura e confira!
Verde por lei: infraestrutura e biodiversidade
Em Singapura, a integração entre natureza e arquitetura é obrigatória por legislação. Qualquer área construída deve compensar 100% da superfície edificada com paisagens verdes.
Isso pode ocorrer no telhado, nas fachadas ou no entorno dos edifícios. O resultado é surpreendente: alguns empreendimentos têm maior biodiversidade do que parques naturais próximos, como aponta a arquiteta Pearl Chee.
Essa exigência legal transforma vegetação em infraestrutura funcional, que contribui para a regulação térmica, a drenagem urbana, a produção de alimentos e a qualidade de vida.
No Brasil, ainda tratamos o verde como adorno, mas poderíamos trilhar um caminho diferente com a adoção de SbNs em escala urbana.
Kampung Admiralty: urbanismo regenerativo em prática
Um dos exemplos mais emblemáticos é o projeto Kampung Admiralty, um complexo multifuncional que combina:
- Habitação para idosos;
- Centro médico e farmácia;
- Praças e hortas comunitárias;
- Restaurantes populares (hawker center);
- Jardins verticais e coberturas verdes interligadas.
O edifício possui Green Plot Ratio acima de 100%, ou seja, a área verde supera a metragem do terreno ocupado.
Desde sua inauguração, atraiu mais de 50 novas espécies de aves, borboletas e insetos, mostrando como o design biofílico pode regenerar ecossistemas urbanos.
Segundo estudos de caso da Urban Land Institute, o Kampung também se destaca pela inclusão social, acolhendo a população idosa em um modelo de convivência que estimula a autonomia e o bem-estar.
Soluções técnicas com base ecológica
Outro ponto de destaque no modelo de Singapura é o uso de modelagem computacional e design urbano baseado no clima. Isso inclui:
- Posicionamento estratégico dos edifícios para aumentar sombreamento e ventilação natural;
- Captação e reutilização da água da chuva com sistemas de plantadores em cascata;
- Criação de microclimas agradáveis com vegetação densa;
- Integração entre infraestrutura hídrica, urbana e paisagística.
Essas estratégias ajudam a reduzir as temperaturas urbanas em até 2 °C, um dado crucial em regiões tropicais. O Punggol Waterway é outro exemplo de como é possível unir drenagem urbana, lazer e beleza em um só projeto.
Planejamento centralizado e visão de futuro
Grande parte do sucesso de Singapura também se deve ao fato de que o Estado é proprietário de 90% das terras urbanas.
Isso permite um planejamento centralizado e coerente, com foco em longo prazo. Não se trata apenas de regulamentos isolados, mas de uma estratégia de Estado para tornar a cidade-jardim uma realidade.
O documentário Singapore: Designing a Megacity in Harmony with Nature, da série Human Footprint, apresenta esses elementos com riqueza de imagens e entrevistas. Vale assistir para entender o impacto desse modelo urbano.
O que o Brasil pode aprender?
Embora o contexto político e urbano seja diferente, várias lições de Singapura podem ser adaptadas à realidade brasileira:
- Infraestrutura verde obrigatória: legislações municipais poderiam exigir que novos empreendimentos adotem telhados verdes, ecoparedes ou jardins de chuva.
- Projetos multifuncionais: assim como o Kampung, podemos pensar em escolas, hospitais ou centros culturais com hortas, praças verdes e captação de água.
- Integração de SbNs no urbanismo: drenagem, agricultura urbana e conforto térmico podem ser planejados juntos, como já fazemos em projetos-piloto no Brasil.
- Educação e participação cidadã: engajar a população é fundamental para o sucesso de qualquer intervenção ecológica.
Conexão com o trabalho da Ecotelhado
Na Ecotelhado, acreditamos que a natureza é infraestrutura, estratégia climática e fonte de vida. Por isso, desenvolvemos sistemas como:
- Telhados verdes que reduzem temperatura e retêm água da chuva;
- Ecoparedes que aumentam a biodiversidade urbana;
- Jardins de chuva que promovem drenagem inteligente;
- Sistemas híbridos que integram agricultura urbana e educação ambiental.
O que Singapura mostra ao mundo, nós buscamos adaptar ao nosso contexto. E a experiência tem mostrado que é possível regenerar cidades com base em princípios ecológicos.
Singapura não é perfeita, mas oferece um modelo valioso de como as cidades podem florescer com a natureza.
Seu exemplo mostra que é viável integrar infraestrutura verde à vida urbana de forma sistemática, eficiente e regenerativa.
Se queremos um Brasil mais resiliente, justo e saudável, precisamos levar a natureza a sério como parte do planejamento urbano.
Já passou da hora de deixarmos de tratar a vegetação como ornamento e reconhecê-la como aquilo que é: infraestrutura essencial para o futuro das cidades.
Transforme seu projeto em uma infraestrutura viva.
A Ecotelhado ajuda você a integrar natureza e arquitetura com telhados verdes, ecoparedes e jardins de chuva inspirados nas melhores práticas globais. Fale conosco!