“Independência ou morte!”
Assim gritou Dom Pedro I às margens do Rio Ipiranga no dia 7 de Setembro de 1822, após tomar conhecimento de que ordens de Lisboa exigiam seu retorno a Portugal.
Essa foi uma das tantas medidas vindas da Corte europeia e que foi o estopim de outras que a antecederam e que também tiveram reações em nosso país por parte daquele que viria a ser nosso primeiro imperador.
Certo, mas e o que a semana da pátria tem a ver com sustentabilidade?
Quer saber? Então leia o conteúdo abaixo. Confira!
Biofilia e Design Biofílico
A palavra biofilia vem do grego, a partir da junção das palavras Bios (Vida) e Philia (Amor) e seu conceito foi desenvolvido pelo biólogo Edward O. Wilson em sua obra “Biophilia”, de 1984.
Para ele, a atração da vida por outras formas de vida é inata aos seres vivos, inclusive aos seres humanos. Trata-se de algo perceptível diariamente, e se encontra presente nas pessoas desde o início da infância em diante (p. 85).
Essencialmente, o design biofílico se propõe a trazer a natureza para dentro dos projetos de construção.
Seu impacto vai muito além da estética e da própria ideia de eficiência ambiental visada por edificações ou cidades sustentáveis e se reflete diretamente no bem-estar dos seres humanos.
Cidade biofílica x Cidade sustentável
Assim, cidades efetivamente sustentáveis são “cidades biofílicas” (dotadas de design biofílico, portanto), ou seja, cidades que proporcionam contato próximo, direto e íntimo com a natureza e que buscam promover a consciência acerca do cuidado com esta natureza.
Também são cidades resilientes, não apenas no aspecto ecológico, mas também social, sendo a resiliência fundamental em um contexto de mudanças climáticas, desastres naturais e de incertezas econômicas previstas para o futuro.
São cidades que respeitam e promovem diversos direitos humanos consagrados, como o direito humano à saúde, à educação, à alimentação, à segurança, à não-discriminação e à qualidade ambiental em si considerada, e acomodam e celebram diversas formas de vida.
Oikophilia: entenda esse conceito
Porém, é importante evitar a armadilha de considerar a ideia de uma cidade sustentável e tudo o que a envolve como um “meio em si mesmo”, ou seja, como um mero “valor instrumental” para a nossa qualidade de vida e a das gerações futuras.
Uma cidade sustentável deve refletir a ideia de oikophilia (“amor ao lar”), e que se caracteriza como um chamado à responsabilidade, exortando-nos a amar, em vez de usar; a respeitar, em vez de explorar.
Convida-nos a perceber o “doce lar” do mesmo modo como percebemos as pessoas, não apenas como meios, mas como fins, tendo em conta, também, o amor à beleza e o respeito ao sagrado. (SCRUTON, 2016, p. 227-229)
Semana da Pátria e sustentabilidade
Certo, mas o que tudo isso tem a ver com a semana da pátria e nossa independência?
TUDO!
A partir da independência do Brasil, tornamo-nos uma nação e passamos a ter a nossa própria pátria.
Nossa brasilidade sempre existiu, desde que os primeiros colonos pisaram por aqui, mas ela ganhou uma cara e uma identidade quando de fato nos tornamos formalmente livres da Corte Portuguesa.
É como se há séculos vivêssemos em uma terra como se fosse nossa, mas sem título de propriedade e cujo dono sabidamente era um terceiro indivíduo.
Após o célebre “independência ou morte”, o Brasil Brasileiro começou a surgir e, com ele, a percepção de que não vivíamos sob a tutela de uma potência ultramarina decadente, mas na nossa própria terra e seguindo leis e tradições que, embora em grande parte herdadas daqueles que outrora nos dominaram, passariam a ter elementos totalmente originais e singulares.
Enfim, a independência nos deu uma pátria.
Pátria vem do latim, patria, que, por sua vez, tem sua origem em pater (pai), sendo, assim, a terra dos nossos pais e antepassados, ou seja, a terra com a qual temos um vínculo histórico e cultural, sendo cultura um conjunto de elementos imateriais e intangíveis, como idioma, religião, tradições, senso histórico, valores e princípios.
Esses elementos que configuram o que conhecemos como pátria são aqueles que temos, em menores proporções, em nosso lar.
Sustentabilidade para nosso lar
Portanto, o potencial para que a sustentabilidade seja promovida de forma eficiente, duradoura e até mesmo pessoal e não em nome de uma agenda ou bandeira está no amor ao nosso lar, ou seja, na OIKOPHILIA.
Perceber e reconhecer o que é esse lar e o que ele representa, conseguimos refletir sobre ele e assim, ao natural, conseguiremos cuidá-lo melhor e com mais responsabilidade, inclusive para as futuras gerações.
Logo, dotar as cidades de mais telhados verdes e jardins verticais, por exemplo, não é um fim em si mesmo, nem uma busca utilitária por economia no consumo de água e energia elétrica, mas consiste em um ato de amor à cidade ao tentar torná-la bela aos moldes da própria natureza, mais atraente à fauna e mais adaptada ao desenvolvimento da flora, além, evidentemente, de se revelar muito mais harmônica e aprazível às pessoas.
Preparar as cidades com sistemas de retenção e reaproveitamento de águas pluviais, cinzas e negras não devem ter a simples intenção de execução de uma tarefa sanitária, mas estar em sintonia com a percepção de que aquilo é feito para que aquele lugar amado onde se vive se mantenha belo e saudável aos seus habitantes e à vida animal e vegetal que o compõe.
Nossa pátria é o nosso lar maior e passamos a reconhecê-la como tal a partir de 7 de setembro de 1822, data do famoso grito às margens do Ipiranga.
O amor ao lar e a tudo o que ele representa é a razão genuína para preservá-lo por meio de práticas sustentáveis.
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Texto: RENAN E. M. GUIMARÃES
REFERÊNCIAS:
BEATLEY, Timothy; NEWMAN, Peter. Biophilic cities are sustainable, resilient cities. In: Sustainability, Basiléia (SUI): MDPI AG, Volume 05, Issue 08, 2013, p. 3328-3345. Disponível em: <http://www.mdpi.com/2071-1050/5/8/3328>.
SCRUTON, Roger. Filosofia verde: como repensar seria mente o planeta. São Paulo: É Realizações, 1ª ed., 2016.
WILSON, Edward Osborne. Biophilia: the human bond with other species. Boston (EUA): Harvard University Press, 1984.
* Foto de capa: Pedro Américo – “Independência ou Morte” (https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Pedro_Am%C3%A9rico_-_Independ%C3%AAncia_ou_Morte_-_cores_ajustadas.jpg)