Você já ouviu falar em solarpunk?
Uma perspectiva de futuro diferente da que estamos acostumados é o que envolve esse movimento artístico que contempla as possibilidades de futuro da humanidade sob um ponto de vista positivo e otimista.
Quer saber mais sobre isso? Então leia o conteúdo abaixo e confira!
O que é solarpunk?
É provável que você saiba o que são distopias, aquelas histórias que imaginam um futuro em que as coisas deram errado, muito errado.
Essa ideia pessimista a respeito do tempo que virá geralmente é ambientada em um contexto pós-apocalíptico fruto de alguma guerra, pandemia ou cataclismo ambiental que teria detonado o nosso planeta ao ponto de bagunçar irreversivelmente a sociedade.
Assim, livros como 1984, Admirável Mundo Novo, Fahrenheit 451, entre outros, popularizaram, na literatura, esse gênero, que, em outras mídias, como no cinema, se tornou ainda mais conhecido, com diversas histórias imaginando sombrios dias vindouros.
Em contraposição a essa perspectiva negativa, surgiu o solarpunk, que busca, justamente, desenvolver produções artísticas baseadas em um futuro que teria dado certo no âmbito econômico, social e ambiental.
Ou seja, são obras de arte, livros, jogos e outras produções contextualizadas em um tempo e lugar que de fato se tornaram sustentáveis.
O solarpunk, portanto, não deixa de ser um exercício de criatividade que imagina uma utopia socioambiental, desenvolvendo, nesses ambientes vislumbrados, histórias e imagens que buscam, de certa maneira, inspirar as pessoas da atualidade a chegarem lá, naquele futuro desenhado.
Cidades com design biofílico desenvolvidas com infraestrutura verde, cheias de telhados verdes, jardins verticais e brises vegetais, com fazendas verticais em meio aos edifícios e fazendo amplo uso de energias renováveis, como eólica e fotovoltaica, compõem o cenário para essas histórias e ilustrações ambientadas em um contexto de mais diversidade e menos desigualdade.
Imagem: Arquivo Ecotelhado
O impacto do solarpunk nos dias de hoje
Esse movimento artístico é ainda muito incipiente e não há dúvidas de que é cedo para falarmos sobre seu impacto e influência para a atualidade e, consequentemente, para o futuro.
Além disso, qualquer exercício de “futurologia” deve ser feito com prudência e sob uma ampla perspectiva histórica, afinal, deve-se separar o joio do trigo ao ver aquilo que a humanidade absorveu de positivo desde que as civilizações se desenvolveram e o que foi descartado por ter sido apenas a “moda” de um tempo.
Hoje fazemos videochamadas com naturalidade nos celulares e até em relógios, inclusive para consultas médicas!
Temos mapas via satélite nos bolsos para chegarmos em qualquer lugar do mundo, robôs domésticos que faxinam nossas casas, medicamentos avançadíssimos, lemos livros e jornais em tablets, lâmpadas e aparelhos de nossas casas podem ser acionados e regulados por simples comandos de voz e até carros voadores já existem e só não são fabricados em massa porque as cidades não estão preparadas para isso.
Todas essas coisas já haviam sido previstas pela ficção e hoje estão aí, no nosso cotidiano ou de quem tem, pelo menos, condições financeiras para isso.
Quem assistiu aos Jetsons sabe bem disso.
Imagem: Arte/Uol
Agora, aproveitando esse exemplo dos Jetsons, que traz uma perspectiva positiva do futuro imaginado nos anos 50 e 60, será que tudo antes previsto como bom se confirmou?
Claro que não, e até a ideia de uma cidade “avançada” mudou radicalmente.
A própria perspectiva urbana utópica desenhada pelo solarpunk demonstra isso, com cidades onde o verde predomina, se contrapondo frontalmente à ideia futurista e utilitária tipicamente pensada no século XX, com design original, porém cinzento e desprovido de beleza natural, o que, inclusive, inspirou Brasília, cujo urbanismo e arquitetura, embora, para muitos, geniais, são inegavelmente controversos.
Assim, caso se confirme como um paradigma realmente influente para o imaginário popular ao ponto de inspirar as pessoas com naturalidade quanto à forma como elas pensarão a sociedade e aplicarão isso na atualidade, um movimento artístico como o solarpunk deve ser visto como uma inspiração interessante, mas com base naquilo que percebemos ter dado certo, tanto em aspectos econômicos quanto socioambientais.
Logo, não adianta querer chover no molhado ao buscar igualdade em sistemas socioeconômicos que histórica e sucessivamente fracassam, experimentos de engenharia social controversos ou demonizando-se o contraditório necessário ao desenvolvimento da ciência, abraçar supostas certezas sem que sequer existam provas a seu respeito.
Por outro lado, muito do que o solarpunk aponta como ideal é, realmente, verdadeiro, pois confirmado, há tempos, por diversas experiências amplamente aplicadas em cidades e em edificações isoladas, como é o caso do design biofílico, da arquitetura sustentável e das tecnologias de infraestrutura verde.
Não existe alternativa de futuro às cidades da atualidade se elas não se desenvolverem a partir dessa premissa, e vemos que muitas regiões do mundo muito evoluídas economicamente, com espaço físico limitadíssimo, como é o caso de Singapura, por exemplo, não optaram por design biofílico e infraestrutura verde por uma questão apenas estética, mas por uma verdadeira necessidade.
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