Vista aérea de um sistema de lagoas artificiais com diferentes tonalidades de água, rodeado por áreas de terra escavada e vegetação rala, possivelmente relacionado a um processo de tratamento hídrico ou contenção industrial, com instalações industriais visíveis ao fundo.

Fachada verde no solo para tratamento aprimorado de águas cinzas e gestão sustentável da água

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Reprodução: Freepik

Em um contexto de crescente escassez de água e urbanização acelerada, o uso de soluções sustentáveis e descentralizadas para o tratamento de águas residuais torna-se essencial. 

Nesse cenário, as fachadas verdes no solo, uma variação das tradicionais paredes verdes, ganham destaque por aliar benefícios ecológicos, arquitetônicos e funcionais ao reuso de águas cinzas, aquelas provenientes de lavatórios, chuveiros e máquinas de lavar.

Neste artigo, você vai entender como essa solução natural foi aplicada com sucesso na Jordânia e como pode inspirar projetos sustentáveis em outras cidades latino-americanas, inclusive no Brasil. 

Quer saber mais sobre o assunto? Continue a leitura e confira!

O que são fachadas verdes no solo?

Diferentemente das paredes verdes suspensas ou fixadas em fachadas de edifícios, as fachadas verdes no solo são sistemas verticais de vegetação instalados diretamente no nível do solo, com irrigação e drenagem integradas. 

Quando combinadas com sistemas de filtragem natural, como leitos filtrantes e plantas ornamentais ou trepadeiras, elas funcionam como verdadeiros biofiltros vivos para o tratamento descentralizado de águas cinzas.

Essas fachadas são construídas como zonas úmidas verticais de fluxo subsuperficial, onde a água passa por substratos porosos e raízes vegetais que promovem processos físicos, químicos e biológicos para a remoção de poluentes. 

Além de purificar a água, proporcionam conforto térmico, aumentam a biodiversidade urbana e valorizam o imóvel.

O caso do dormitório universitário na Jordânia

Pesquisadores da Universidade da Jordânia, em parceria com especialistas europeus, desenvolveram um sistema piloto de tratamento de águas cinzas no dormitório feminino Al-Zahra, em Amã. O sistema foi composto por três etapas:

  • Pré-tratamento com desengordurador, para remover sólidos e graxas;
  • Tratamento biológico com fachadas verdes no solo, utilizando plantas como jasmim, trepadeiras e forrações em leitos filtrantes verticais;
  • Desinfecção final com lâmpadas UV, garantindo a segurança microbiológica da água tratada.

A água resultante foi reutilizada com sucesso na irrigação de gramados e na descarga de vasos sanitários, atendendo aos padrões de qualidade da Jordânia para reúso.

O sistema mostrou-se robusto mesmo frente às variações de carga e fluxo, o que evidencia sua aplicabilidade em contextos urbanos reais. 

A escolha de espécies vegetais adaptadas ao clima local e à exposição solar contribuiu para o bom desempenho e baixa manutenção.

Resultados expressivos e aplicabilidade prática

Os resultados do estudo foram expressivos:

  • Remoção de até 94% de DBO5 (Demanda Bioquímica de Oxigênio);
  • Redução de mais de 95% de coliformes fecais e E. coli;
  • Eficiência de até 96% na remoção de turbidez e sólidos suspensos;
  • Melhoria significativa na qualidade da água para reúso, inclusive em ambientes urbanos densos.

Esses dados mostram que o sistema é eficaz para tratar águas cinzas de baixa e média carga orgânica, com potencial de replicação em edifícios residenciais, institucionais e comerciais. 

Além disso, o sistema não depende de energia elétrica contínua para o funcionamento das etapas principais, o que reduz o custo operacional.

Por que aplicar essa solução na América Latina?

A América Latina enfrenta desafios similares aos do Oriente Médio, com escassez hídrica crescente, urbanização intensa e infraestrutura deficiente para tratamento de esgoto. As fachadas verdes no solo representam uma oportunidade de:

  • Reduzir o consumo de água potável;
  • Promover a reutilização segura de águas cinzas;
  • Valorizar o paisagismo urbano e melhorar o microclima;
  • Contribuir para metas de sustentabilidade em edifícios verdes;
  • Descentralizar o saneamento e reduzir a pressão sobre as redes públicas.

Além disso, elas se integram facilmente a projetos arquitetônicos contemporâneos e podem ser implementadas em construções novas ou adaptadas a edificações existentes. 

A manutenção é relativamente simples, exigindo apenas inspeções periódicas e cuidados com as plantas.

Ecotelhado: pioneira em soluções baseadas na natureza

A Ecotelhado é referência em infraestrutura verde, oferecendo sistemas modulares, sustentáveis e de fácil manutenção para aplicações como telhados verdes, jardins verticais e, agora, também para o tratamento de águas cinzas com fachadas ou telhados verdes.

A experiência internacional demonstra que, quando bem projetadas, essas soluções podem se tornar um pilar da gestão hídrica urbana, contribuindo para a segurança hídrica e a adaptação climática.

Quer saber como implementar uma solução como essa no seu projeto? Fale com a Ecotelhado e descubra como aliar design, funcionalidade e sustentabilidade na prática.

Fonte: MDPI