A arquitetura contemporânea está constantemente em busca de soluções inovadoras para enfrentar os desafios impostos pelo crescimento urbano, mudanças climáticas e escassez de recursos.
Uma abordagem que tem despertado interesse é a construção subterrânea, explorando o potencial do solo para criar ambientes habitáveis.
Quer saber mais sobre as possibilidades da construção subterrânea, destacando sua importância para o conforto térmico, mas também entender seus desafios e riscos e conferir alternativas àquilo que ela busca?
Então, continue a leitura abaixo e confira!
Conforto térmico: o subsolo como refúgio
Um dos principais atrativos das construções subterrâneas é o conforto térmico proporcionado pela estabilidade da temperatura do solo.
Em climas extremos, em que as variações de temperatura são acentuadas, as estruturas subterrâneas oferecem um ambiente mais estável, resultando em menor consumo de energia para aquecimento ou resfriamento.
Por outro lado, grandes construções no subsolo enfrentam riscos como desmoronamentos, especialmente em áreas com instabilidade geológica. Além disso, a possibilidade de enchentes subterrâneas pode comprometer a segurança e a durabilidade das estruturas.
Esses riscos não podem ser desconsiderados nos projetos dessa natureza.
Construção subterrânea e os desafios para a saúde: a luz do sol como necessidade
Outro aspecto crucial a ser considerado em uma construção subterrânea é o impacto na saúde física e mental dos habitantes desses ambientes subterrâneos.
A exposição limitada à luz solar, essencial para a produção de vitamina D e regulação do relógio biológico, pode resultar em deficiências nutricionais e desequilíbrios hormonais.
Estudos indicam que a falta de luz natural pode contribuir para problemas psicológicos, como depressão e ansiedade.
Portanto, é vital abordar não apenas as questões físicas, mas também as psicológicas ao projetar espaços subterrâneos, considerando estratégias para integrar a luz natural e proporcionar ambientes mais saudáveis.
Infraestrutura verde como uma alternativa sustentável
Diante dos desafios apresentados pela construção subterrânea, surgem alternativas que aliam conforto térmico à sustentabilidade.
Jardins verticais e telhados verdes despontam como soluções promissoras, proporcionando benefícios ambientais, estéticos e para o bem-estar humano.
Os jardins verticais, ao integrarem vegetação nas fachadas dos edifícios, não apenas melhoram a qualidade do ar, mas também atuam como isolantes térmicos.
A camada de vegetação cria uma barreira natural contra a radiação solar direta, reduzindo a absorção de calor pelos edifícios. Essa função regula a temperatura interna, proporcionando conforto térmico e reduzindo a dependência de sistemas de climatização.
Os telhados verdes, por sua vez, oferecem benefícios semelhantes. A cobertura vegetal atua como um isolante térmico, diminuindo a transferência de calor para os espaços interiores. Além disso, a evaporação da água retida no solo do telhado e na própria vegetação (evapotranspiração) contribui para o resfriamento ambiental, criando um microclima mais agradável.
Exemplos históricos, casos de sucesso e tendências futuras
A integração de tecnologias avançadas, como sistemas de iluminação natural e ventilação, pode criar ambientes subterrâneos vibrantes e sustentáveis.
Além disso, a abordagem de cidades subterrâneas, como explorada em estudos recentes sobre sobrevivência às mudanças climáticas, apresenta uma visão futurista de comunidades auto suficientes e energeticamente eficientes.
Há diversos exemplos históricos de arquitetura subterrânea, como a famosa cidade de Petra, na Jordânia, “erguida” (escavada, melhor dizendo) junto às formações rochosas rosadas da região, onde, até hoje, podem ser encontradas diversas lugares como templos, criptas, anfiteatros e diversos espaços privados, como casas e locais destinados ao comércio.
Em Matmata, na Tunísia, um nome conhecido graças à saga Star Wars (retratada no filme como Tatooine, o planeta onde o personagem Luke Skywalker foi criado), habitações não despontam na superfície, mas foram construídas e adaptadas nas profundezas de buracos escavados no solo, conectados por túneis.
Agora, quando falamos em exemplos contemporâneos, não poderiam faltar os do Canadá e suas “cidades subterrâneas”. É o caso do PATH, cidade situada em Toronto, que foi eleita pelo Guinness Book como “a maior cidade subterrânea do mundo”.
Desenvolvido e aperfeiçoado há mais de 40 anos, jamais apresentou problemas que viessem a impedir o seu funcionamento.
Projetada para abrigar as pessoas do frio rigoroso que castiga a população em determinada época do ano, a PATH (termo inglês que significa “caminho”) acabou sendo inspiração para outras cidades, tais como Montreal (também no Canadá), Minneapolis, Houston, Osaka, Cingapura.
Integram a cidade quatro pisos subsolos em 30 quilômetros de extensão, e seus corredores podem abrigar mais de 50 mil estabelecimentos de todos os tipos, como lojas de vestuário, academias, supermercados, restaurantes, bares, cinemas, clínicas médicas, entre outras.
Um equilíbrio necessário
As possibilidades da construção subterrânea para a arquitetura são vastas, mas é crucial abordar os desafios de maneira holística. Encontrar um equilíbrio entre o conforto térmico desejado e os impactos na saúde e segurança é fundamental.
Ao olharmos para o futuro da arquitetura, também é preciso considerar o que está abaixo da superfície, mas como uma alternativa integrada a outras soluções, como as trazidas pelas tecnologias de infraestrutura verde e de design biofílico.
Dessa forma, aumentam-se as possibilidades reais de termos cidades mais sustentáveis, resilientes e belas.
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IMAGENS:
CAPA e Imagem 1: Architizer/Raad Studio
Imagens 2 e 3: arquivo Ecotelhado
Imagem 4: Infoescola
Imagem 5: wikipedia
Imagem 6: ETA CANADA